CIRURGIA BARIÁTRICA - Indicações e contraindicações
“A obesidade é o mal do século” quantas vezes ouvimos essa máxima?
De acordo com o dado divulgado pelo Ministério da Saúde nos últimos 10 anos, o número de brasileiros obesos aumentou em 60%.1
Fatores econômicos, psicológicos, genéticos, aliados a uma mudança no quadro social tal como o crescente surgimento de fast foods, refeições congeladas, entre outras, afastaram os brasileiros das refeições caseiras de qualidade.
O excesso de trabalho e falta de tempo também trouxeram o sedentarismo e a escassez na prática de atividades físicas colaborando para este aumento considerável.
“A obesidade é vista atualmente como um dos problemas de saúde pública mais preocupantes, devido ao seu crescente aumento e as graves consequências que pode acarretar. Trata-se de um fenômeno multifatorial que envolve componentes genéticos, comportamentais, psicológicos, sociais, metabólicos e endócrinos” (Björntorp, 2003). 2
Na luta contra a obesidade, a cirurgia bariátrica é uma das formas para o paciente eliminar o excesso de peso. “Atualmente a cirurgia bariátrica é considerada a ferramenta mais eficaz no controle e no tratamento da obesidade severa” 1. A cirurgia ao longo dos anos foi se aperfeiçoando através de várias técnicas que promovem o emagrecimento e auxiliam o controle das comorbidades, proporcionando uma melhora no quadro patológico, físico, mental, social do paciente3.
Portanto o crescimento exacerbado da procura pela cirurgia, leva alguns profissionais não se atentarem à alguns pontos importantes no tocante à indicação ou emissão de laudo favorável à cirurgia bariátrica. Seja qual for a opção da técnica cirúrgica, é um procedimento que mesmo após realizado com sucesso, depende de vários fatores para que se alcance o resultado desejado.
Para o paciente o sucesso se dá com o emagrecimento rápido, para nós profissionais, o sucesso é o equilíbrio da saúde física e mental de nosso paciente com o controle de patologias.
De acordo com a publicação do Conselho Regional de Medicina no Diário Oficial da União (número 2131), quem possui indicação para a cirurgia bariátrica deve ter “Massa Corpórea (IMC) acima de 40kg/m2 ou acima de 35kg/m2 que pereça de comorbidades clínicas”
O Conselho Federal de Medicina publicou resolução atualizada da listas da comorbidades, CFM Nº 2.131/20154.
“Diabetes tipo 2, apnéia do sono, hipertensão arterial, dislipidemia, doença coronária, osteo-artrites, doenças cardiovasculares ( infarto do miocárdio, angina, insuficiência cardíaca congestiva, acidente vascular cerebral, hipertensão e fib//rilação atrial, cardiomiopatia dilatada, cor pulmonale e síndrome de hipoventilação), asma grave não controlada, osteoartroses, hérnias discais, refluxo gastroesofageano com indicação cirúrgica, colecistopatia calculosa, pancreatites agudas de repetição, esteatose hepática, incontinência urinária de esforço na mulher, síndrome dos ovários policísticos, veias varicosas e doença hemorroidária, hipertensão intracraniana idiopática, estigmatização social e depressão”.
As contraindicações que podem impedir a realização do procedimento são:
- Hipertensão portal com varizes esofagogástricas advindas de cirrose;
- Risco anestésico classificado como ASA (classificação American Society of Anesthesiologist ) grau IV, distúrbio sistêmico grave que coloca em risco a vida do paciente5;
- Transtorno psiquiátrico não controlado, concomitante a uso abusivo de álcool ou drogas ilícitas;
- Limitação intelectual sem suporte familiar;
- Para pacientes abaixo de 16 anos.
Existem algumas exceções quanto à maioridade, como no caso, de menores portadores de patologias neurológicas em que a obesidade atinge situações que promovem o agravamento do quadro clínico
O Conselho Regional de Nutrição recomenda a contraindicação do laudo em “A expedição do laudo pelo nutricionista é contraindicada nos casos em que a obesidade é decorrente de doenças endócrinas; em jovens em fase de crescimento; nos casos de pacientes com dificuldade de compreender riscos, benefícios, resultados esperados, alternativas de tratamento e mudanças no estilo de vida requeridas pela cirurgia, cuja liberação deverá ser, preferencialmente, conjunta com a equipe multiprofissional” 6.
Referências bibliográficas:
1 - Ministério da Saúde - Pesquisa de Vigilância de Fatores de Risco e Proteção para Doenças Crônicas por Inquérito Telefônico (Vigitel) – pg, 09, Abril , 2017.
2 – OLIVEIRA, Verenice Martins de ; LINARDI, Rosa Cardelino; AZEVEDO, Alexandre Pinto de - Cirurgia bariátrica – aspectos psicológicos e psiquiátricos - Rev. Psiq. Clin. 31 (4); pg 2 , 2004.
3 – BORDALO, Livia Azevedo, TEIXEIRA, Tatiana Fiche Sales , BRESSAN Josefina, MOURÃO, Denise Machado - Cirurgia bariátrica: como e por que suplementar. Em: Revista da Associação Médica Brasileira. Volume 57, Issue1, January-February, 2011, Pag.114.
4 - DIÁRIO OFICIAL DA UNIÃO : Publicado por CRM - Conselho Regional de Medicina - RESOLUÇÃO CFM Nº 2.131/2015.
5 - HOUSE OF DELEGATES ON OCTOBER - ASA OS - Classificação do estado físico da American Society of anesthesiologists - 15, 2014
6 - CIRURGIA BARIÁTRICA – CFN – Conselho Federal de Nutricionistas - RECOMENDAÇÃO Nº 007, DE 03 DE AGOSTO DE 2016 – pg 2.